Hospitalidade: muitas mãos, muitas fontes e muitos desafios.

Autor: Rose Mary Lopes*

Esta sessão enfocou a crescente indústria da hospitalidade, que envolve todos os tipos de estabelecimentos que oferecem pernoites/ lugar de descanso para hóspedes, com o correlato oferecimento de alimentação.
Isto na hotelaria implica desde café da manhã, lanches, serviço de quarto, bares, restaurantes, serviços de buffet e de eventos. Daí que, literalmente, envolvem-se muitas mãos, muitas fontes dos produtos – in natura, semi- processados ou processados, que provém de muitas fontes / fornecedores.
Dá, então, para imaginar o tamanho e a complexidade dos desafios enfrentados no que se refere à segurança de alimentos pela indústria da hospitalidade.
Esta sessão foi moderada por Bobby Krishna, especialista do de Inspeção de Alimentos do Departamento de Controle de Alimentos, Dubai, Emirados Árabes.
Bobby Krishna, Departamento de Controle de Alimentos, Dubai, Emirados Árabes
 Fonte: site da Conferência
Além do próprio Bobby Krishna, fizeram parte desta sessão: Alex Humphrey – Senior Diretor de Safety & Security, Hilton, Reino Unido; Andy Bennet – Vice Presidente da Qualidade, McCormick, Reino Unido e Johann Zueblin – Membro do Conselho da Prime Agri, Suíça.
Alex Humphrey – Senior Director, Safety & Security, Hilton
Fonte: site da Conferência
Humphrey, sinalizou que um dos maiores desafios para a cadeia de hotéis Hilton é “a de garantir a consistência na implementação e consistência do Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos baseado em APPCC/ HACCP, especialmente em locais remotos”. Ele acrescentou que o desafio é ainda maior dado que, nas diversas regiões, há requisitos locais baseados em legislação ou em melhores práticas, e que dentro da própria indústria hoteleira não há harmonização de padrões.
Procuram, então, seguir a legislação local ou as melhores práticas locais, alinhando-as com o que se reconhece como sendo as melhores práticas mundiais, base dos padrões do sistema de gestão de segurança de alimentos do grupo Hilton, de modo a garantir a saúde e bem-estar de seus hóspedes e de seus funcionários.
Destacou também que seus fornecedores são extremamente importantes para atingir este objetivo. E um exemplo disto é a empresa McCormick, cujos temperos, especiarias e ervas dão sabor aos alimentos produzidos nos restaurantes da rede Hilton, bem como a milhares de outros estabelecimentos no mundo todo.
Andy Bennet – Vice Presidente da Qualidade, McCormick
Fonte: site da Conferência
A McCormick é uma multinacional americana, mais do que centenária, fundada em 1889 em Baltimore, Filadélfia. Que se insere como uma das maiores empresas do mundo no mercado de especiarias, ervas e temperos. Este mercado, no ano de 2012 movimentou perto de US$ 13 bilhões. E, cabe sinalizar que o crescimento deste mercado continua, pois as pessoas querem, cada vez mais, experimentar novos sabores.
O mundo das especiarias é muito complexo. Há produção de ervas e especiarias no mundo todo, embora existam países que se destaquem. Um dos problemas é que geralmente as especiarias recebem um processamento mínimo. Deste modo, entre o produtor, no campo, e o prato servido ao hóspede no mundo da hotelaria, há uma longa cadeia, com muitos atores interferindo na segurança do alimento.
Além disto, é muito frequente a pequena produção. Deste modo, para processamento e elaboração de produtos, é muito comum que as empresas processadoras, como a McCormick, tenham que adquirir as especiarias e ervas de muitos produtores, de variados tamanhos, com óbvias dificuldades de atendimento de padrões e de rastreabilidade.
Aí se pode prenunciar a dificuldade de garantir a qualidade e segurança destes itens. Assim, não é raro encontrar-se, por exemplo, na pimenta do reino, de impurezas a corpos estranhos – pedrinhas, partes de insetos e possíveis contaminantes químicos ou microbiológicos, isso sem falar em qualidade da conservação. A estas dificuldades acrescente-se os problemas com possíveis fraudes.
Zelando pela qualidade e segurança das especiarias como a pimenta, a McCormick estabeleceu parcerias, como a realizada com a empresa Prime Agri da Suíça. A Prime Agri é uma desenvolvedora, financiadora e investidora, que auxilia empresas a estruturarem a cadeia de fornecimento em países do sul da Ásia, como é o caso de Miamar, que oferece condições para a agricultura semelhantes às existentes na Califórnia. Lá, a SPE – Smallholder Prosperity Enterprises, empresa que tem como sócia investidora a Prime Agri,  está capacitando pequenos agricultores em programa de Boas Práticas Agrícolas similar ao GlobaGAP, e apoiando-os até em infraestrutura e financiamento para que tenham acesso a canais de distribuição internacionais, sendo a  McCormick um desses canais.  
Este é um exemplo real de como a solução para a asseguração do alimento com segurança vai do campo até a processadora e distribuidora de produtos. E do quão longe as organizações, países e cidades, como a McCormick, Hilton e Dubai, têm que ir para que o cliente, no final desta cadeia, possa usufruir de uma experiência alimentar saborosa e segura.
*Rose Mary Lopes, é Mestre e Ph.D. em Psicologia Social pela USP, especializada em cultura de segurança de alimentos e assuntos de empreendedorismo, consultora da Food Design desde 2004 e membro do IRSFD. Rose esteve também presente na Conferência, representando Food Design e IRSFD.

P.S. Prezados leitores, peço desculpas pela lacuna de tempo sem publicar, mas a agenda ficou apertada neste espaço de tempo, o que é bom por um lado, mas ruim para dedicar tempo para este trabalho voluntário. Conto com sua compreensão. Att, Ellen
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Global Food Safety Trade Harmonization – primeira parte


Nesta semana, que foi intensa, só consegui hoje um pouco de tempo para continuar a produção dos posts. Em vez de já continuar com o assunto dos insetos, decidi adiantar um assunto de fundamental importância para o futuro da segurança de alimentos no nosso mundo, mais que globalizado: como fazer avançar a segurança de alimentos numa escala global face ao desafio de se conseguir uma harmonização  dos sistemas regulatórios públicos com os sistemas de normas/ certificação da iniciativa privada, desafio este que neste painel ficou claro que a GFSI está buscando catalisar, incentivando e promovendo discussões como esta que houve com autoridades regulatórias dos Estados Unidos, do Canadá, da União Europeia, da Nova Zelândia e da China.











Como afirmou Mike Robach na abertura  desta plenária: “num mundo atual onde a cadeia de suprimentos de alimentos é cada vez mais interconectada, torna-se mister haver estreita COLABORAÇÃO entre governos e iniciativa privada, para assegurar que alimentos seguros sejam providos aos consumidores,em todos os momentos, em todas as partes do mundo”. Mike é Vice Presidente da Qualidade, Segurança de Alimentos e Assuntos Regulatórios da Cargill, Estados Unidos, e recém nomeado Presidente da GFSI.

Na foto, da esquerda para a direita: 
Jian Zhang, Michael Scannell , Mike Taylor, Paul Mayers , Bill Jolly e Mike Robach. 
Autor da foto: Ellen Lopes.
Mike Taylor, Representante Oficial para Alimentos do FDA – Food and Drug Administration, Estados Unidos, discutiu como o FSMA – Food Safety Modernization Act inovou ao exigir sistema com foco em medidas preventivas baseadas em ciência, e não mais somente o sistema de inspeções antes do FSMA. Mike explicou que a fundamentação do FSMA tem base nas conclusões dos últimos 25 anos a que chegou a comunidade científica internacional: de que a grande ênfase deve ser na prevenção dos perigos e no controle dos riscos, entendimento este que espelha as diretrizes do Codex Alimentarius.

Mike acredita que certamente o FSMA está contribuindo para a harmonização internacional, e que os Estados Unidos têm ativamente procurado colaborar com seus maiores parceiros comerciais, com o objetivo de fazer o melhor uso dos recursos públicos e privados na verificação do cumprimento de normas e padrões, evitando duplicidade de esforços, mencionou ele que o grande desafio para os reguladores é conseguir a harmonização dentro dos limites impostos pelas limitações do arcabouço legal e regulatório de cada país.
Reconhecimento de Sistemas
Relatou Mike que o FDA já fez um grande avanço ao estabelecer o mecanismo de Reconhecimento de Sistemas, que se baseia numa rigorosa  avaliação feita pelo FDA de que outro país tenha um sistema de segurança de alimentos comparável, em sua capacidade, e em sua eficácia quanto à garantia de bons resultados. Ao longo dos últimos cinco anos, continuou ele, “o FDA desenvolveu um processo bem definido para avaliar a comparabilidade dos outros sistemas de controle alimentar nacionais, e estamos finalizando acordos de reconhecimento de sistemas com vários países. É uma via de mão dupla, pois o objetivo é o reconhecimento e da confiança mútuos”.
“E importante deixar claro que, ao invés de ser uma ferramenta de acesso a mercado, no sentido do comércio, o Reconhecimento de Sistemas é uma ferramenta para a cooperação em segurança de alimentos. Com o Reconhecimento de Sistemas, poderemos direcionar melhor a nossa inspeção externa e recursos de vigilância das fronteiras para onde haja um maior risco de não-conformidade. Pretendemos também permitir que os importadores norte-americanos, no cumprimento das suas novas responsabilidades de segurança de alimentos, levem em conta se o seu fornecedor estrangeiro de um país cujo sistema reconhecemos como comparáveis, está em boa posição”.
“Até agora estamos trabalhando no Reconhecimento de Sistemas com a Nova Zelândia, que colaborou com nosso teste piloto do processo de avaliação. Estamos em estágio avançado de avaliações e desenvolvimento de acordos de reconhecimento mútuo também com a Austrália e o Canadá”.
“Além disso, começamos a dialogar sobre avaliação com os nossos homólogos da Comissão Europeia, e confesso que estamos ansiosos para construir colaboração com a Europa em todos os aspectos da segurança de alimentos”.

Após a exposição de Mike, seguiram-se as exposições dos representantes do Canadá, da Nova Zelândia e da União Europeia, que corroboraram e contaram sobre mais detalhes sobre estas avaliações.

Jian, por sua vez, contou que autoridades da China estão negociando diretamente com o GFSI para estabelecer uma parceria público privada para reconhecer o sistema “HACCP China” pelo GFSI.
Meu comentário:
É empolgante saber que grande avanços como este têm acontecido, mas e o Brasil? Parece que estamos num mundo à parte, e meio adormecidos para tão importantes conversações. Ou se algo acontece nesta direção, ousaria suspeitar que a divulgação a esse respeito esteja falha. 

Global Food Safety Trade Harmonization – Aguarde a parte 2.

Comer insetos? Isso é seguro? – Aguarde a parte 2.
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Insetos? Argh! Isso é seguro? Nham! – Parte 1

“Que tal uma deliciosa salada de insetos servida com gafanhotos fritos? E formigas desidratadas cobertas com chocolate?”

Com esta chamada, a palestra do Professor Arnold van Huis, professor de entomologia da Universidade Wageningen da Holanda “bombou”. Ele mostrou que embora a estranheza a comer insetos seja presente na maioria da população mundial, inseto é alimento comum na dieta de cerca de 2 bilhões de pessoas. Num mundo que necessita suprir de proteínas uma população crescente, esta tendência parece que veio para ficar.

Na foto, o Professor Arnold mostra interesse crescente pelos insetos.
Autor da foto: Ellen Lopes

 

Arnold explicou que a demanda de carne de origem animal deve crescer em mais 76% até 2050. Mas hoje a produção animal já ocupa cerca de 68% das terras agricultáveis, emitindo cerca de 14% dos gases efeito estufa, e 59 a 71% da amônia da atmosfera. Um dado preocupante é que para cada kg de carne bovina são necessários de 20.000 a 40.000 litros de água, isto quando se considera também a água necessária desde insumos até abate. Estes são os impactos mais importantes, mas há ainda que se considerar o desflorestamento, erosão, desertificação, perda de biodiversidade dentre outros.
Este cenário representa ao mesmo tempo um desafio, mas também uma oportunidade para novas fontes de proteína de baixo impacto para o meio ambiente. 

Figura ilustra quantidade de insetos comestíveis relatados por região.


Na figura acima pode-se perceber a distribuição de insetos relatados como comestíveis no mundo.  Este número é mais elevado em determinadas regiões da Ásia, América do Norte, Central, América do Sul , incluindo Brasil, Austrália e Nova Zelândia.

Estima-se que mais de 1.900 espécies já foram relatadas como alimento. Globalmente, as espécies mais consumidas são:
– besouros (Coleoptera) – 31%
– lagartas (Lepidoptera) – 18%
– abelhas, vespas e formigas (Hymenoptera) – 14%

Além destes insetos, são consumidos os gafanhotos e os grilos (Orthoptera), cigarras, cochonilhas e percevejos (Hemiptera), os cupins (Isoptera), as libélulas (Odonata) e até moscas (Diptera)!

Arnold mostrou que os insetos podem ser coletados ou criados, em escala artesanal, ou produzidos em escala industrial. Abaixo ilustração cedida pelo Professor Arnold sobre criação e venda de insetos.


Mas e quanto à segurança de alimentos:
– Quão seguro é o consumo de insetos? 
– Quais são os perigos potenciais? 
– Que cuidados se deve ter na sua produção para que sejam seguros? 
– É necessário algum tratamento térmico?

Mas esta parte ficará para depois. Aguarde a parte 2.

E você, o que acha sobre o consumo dos insetos? E sobre sua segurança?
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Global Markets Brasil – Parte 3

Pela primeira vez uma apresentação formal de um trabalho do Brasil na GFSC – Global Food Safety Conference anual da GFSI

Dando continuidade ao post anterior da Parte 2, aqui apresento a síntese da minha palestra sobre o Programa Global Markets Brasil, realizada durante a Conferência da GFSI em Berlim.
Ellen Lopes, palestra sobre Global Markets Brasil APAS, GFSC 2016, Berlim.
Auto foto: Crístian L. Roque


Primeiras iniciativas
Alguns varejistas do Brasil, entre eles o Walmart, inseriram o Global Markets em seus programas de seleção de fornecedores e em seus check lists. As empresas Cargill, ConAgra, General Mills-Yoki e Mondelez, formaram um grupo e treinaram vários fornecedores no Programa Global Markets.

                          Foto: material cedido por Roger Bont, Cargill.

Mas estas eram iniciativas isoladas!
Em 2015 a APAS abraçou o Programa Global Markets Brasil
Em nome da Food Design, eu participo  das Conferências GFSI desde 2009, onde tive contato com vários grupos de stakeholders que se organizaram para incentivar a implementação do Global Markets. Alguns exemplos destas iniciativas: Metro, da Alemanha; AEON na Ásia; parceria público privada na Indonésia e o grupo organizado pela ASU, a União Argentina de Supermercados, que já é operante desde 2012.
Imbuída do espírito de ajudar o Brasil a embarcar nesta tendência, comecei a oferecer  palestras gratuitas sobre o programa e suas vantagens, e junto com outros colegas procuramos alguns grupos como interlocutores, no início sem sucesso, até que em 2015, o Comitê de Segurança de Alimentos da APAS – Associação Paulista de Supermercados abraçou o desafio, com o inestimável apoio de representantes do GPA (Grupo Casino), Carrefour, Walmart, Sonda, Makro e Enxuto.

Sede da APAS – Associação Paulista de Supermercados em São Paulo
A Coordenação Geral do Programa Global Markets Brasil APAS ficou sob minha responsabilidade, com Coordenação Técnica pela Márcia Rossi do Walmart Brasil, que foi representada na GFSC 2016 pela Natalie Dyenson, do Corporativo do Walmart, Estados Unidos.

Desafios
O primeiro grande desafio foi harmonizar os diferentes check lists usados pelos “três grandes players“: GPA, Carrefour, Walmart, alinhando-os de forma explícita com o esquema Global Markets.
Após várias reuniões e análises comparativas com os requisitos Global Markets para a indústria, percebeu-se que, uma vez reorganizados e reagrupados, havia um “coração” Global Markets, acrescido de alguns requisitos adicionais.
Estes requisitos adicionais formam dois grupos, considerados por GPA, Carrefour, Walmart como obrigatórios,mas que para outras empresas podem ser opcionais:
– requisitos legais (exemplo alvará sanitário; registro na Anvisa, se for o caso), cuja verificação é delegada aos organismos de certificação na fase de seleção
– requisitos mais avançados da qualidade/ segurança de alimentos e requisitos de segurança operacional e sócio-ambientais.
Esquema gráfico o resultado da harmonização
Fonte: Tradução de slide da Conferência. 
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.
Dica: para ampliar, clique na figura.
Outros desafios
Para acelerar e conferir agilidade para o Programa Global Markets Brasil, a solução foi o apoio através de uma organização não governamental, o IRSFD – Instituto de Responsabilidade Social Food Design, idealizado já há algum tempo por um grupo de profissionais, ONG esta que tem como objetivo adicionar valor a empresas de alimentos menos desenvolvidas, estimulando o exercício da responsabilidade social, com empreendedorismo, qualidade, segurança de alimentos e sustentabilidade.

Escopo
O Programa foi iniciado no âmbito do varejo, mas para que se crie um amplo movimento de evolução em torno da “linguagem Internacional” Global Markets, e assim facilitar o acesso de nossas indústrias de menor porte a novos mercados, nacionais ou internacionais, a participação do Programa Global Markets Brasil em breve será aberta a todas as indústrias de alimentos e bebidas e a todo o foodservice do Brasil, sejam as empresas clientes, ou fornecedores.

Site do Programa Global Markets Brasil
Previsão é lançar no primeiro semestre um hotsite do Programa, dentro do site da APAS. Neste hotsite, além do check list em português do Global Markets para níveis Básico e Básico + Intermediário, cuja tradução foi cedida gentilmente pela IFSserão incluídos:
– os requisitos adicionais exigidos pelo GPA, Carrefour, Walmart
– um diretório das empresas que já participam do programa
– mecanismos de trocas de informações que ajudem a criar benefícios mútuos para todos os stakeholders interessados.
Para as empresas que adotarem a pontuação do sistema Global Markets IFS, a IFS ofereceu incluir no hotsite do Programa Global Markets Brasil um link para seu próprio site internacional, o que trará a estas empresas visibilidade mundial, além de poderem ter acesso a um software que facilita o gerenciamento de suas auditorias. Nota: a menção da IFS não implica em obrigatoriedade de sua adoção, já que a adoção de uma norma ou esquema é decisão própria de cada empresa.
Se você tiver interesse em receber mais informações sobre o Programa Global Markets Brasil, ou quiser ser um voluntário para contribuir com a parte técnica do Programa, escreva para ellen.lopes@irsfd.org.br.

Se você quiser receber a tradução do check list do Global Markets IFS para níveis Básico e Básico + Intermediário, escreva para Caroline Nowak: cnowak@ifs-certification.com.

Agradecimentos
À APAS, em especial ao Paulo Pompílio e Roberto Borges

Ao Grupo Técnico:
Márcia Rossi, Walmart
Júlia Carlini, Carrefour
João Ricardo Stein, GPA
Alexandre Momesso, Sonda
Tatiane Amaral, Makro
Juliana Onodera, Enxuto
À Roger Bont, da Cargill, pela cessão do material de treinamento.

À Caroline Nowak, IFS Brasil, pela tradução e futuro link para site IFS.

Agradeço também ao Leonardo Lima do McDonald’s Brasil, que participou do grupo Global Markets organizado pela ASU, e que me ajudou na estratégia de busca de apoios.

Que você achou do iniciativa do Comitê de Segurança de Alimentos das APAS de abraçar no Brasil o Programa Global Markets? 
O IRSFD é responsável por organizar o voluntariado para contribuir com as tarefas do Programa Global Markets Brasil APAS, como traduções, redação de cases, publicação de material de apoio etc. Se você é um voluntário e quer contribuir, escreva para ellen.lopes@irsfd.org.br
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Global Markets Brasil – Parte 2

Pela primeira vez uma apresentação formal de uma trabalho do Brasil na GFSC
Dando continuidade ao post anterior, vou primeiramente mostrar o vídeo “The Global Markets Journey”, sobre o Programa Global Markets, produzido pela 3M, e depois falar das vantagens do Programa, de sua da aceitação mundial e de resultados.

Vídeo The Global Markets Journey – realização 3M

                                          
Vantagens e benefícios
O Programa Global Markets tem uma estrutura que facilita e promove a aceitação mútua ao longo da cadeia de abastecimento, disponibilizando ferramentas eficazes de gerenciamento de risco, criando um movimento de convergência. Este movimento reduz custos, melhora o relacionamento do mercado, permite a simplificação das compra e propicia ainda oportunidade de harmonização das abordagens públicas e privadas. Vantagens mais específicas para:

Fornecedores

  • manutenção de clientes
  • ganho de novos clientes
  • acesso facilitado ao comércio local, regional e internacional
  • empresa conquistar certificação
  • mais facilidade de orientação e de treinamento
  • estrutura facilitada para defesa legal
  • maior facilidade no cumprimento da legislação
  • diminuição do número e tipos de auditorias
  • melhoria da cultura de segurança de alimentos
Varejo

  • contar com listagem de fornecedores sabendo do seu nível de evolução
  • parceria com fornecedores confiáveis
  • maior credibilidade
  • aumento de fornecedores com certificação
  • redução de recall
  • melhoria da segurança dos produtos
  • reconhecida aceitação internacional 

Sociedade e consumidores
  • melhoria da segurança de alimento
  • aumento de negócios entre fornecedores e compradores
  • aumento da possibilidade de exportação
  • redução de quebras
  • reduzir problemas com fiscalização
  • maior disponibilidade de alimentos seguros em qualquer lugar
  • maior eficiência da cadeia de abstecimento

Certificadoras
  • ganho de mercado
Consultorias e empresas de treinamento:
  •  ganho de mercado
Governos e órgãos reguladores
  • aumento da conformidade com a legislação e regulamantação
  • maior eficiência no processo regulatório e fiscalizatório.

Aceitação do Programa Global Markets da GFSI no mundo
O Programa Global Markets tem sido aclamado pelos stakeholders da GFSI como uma de suas principais realizações. Desde seu lançamento, o Programa Global Markets tem sido adotado por empresas em todo o mundo como uma solução de segurança de alimentos simplificada para as pequenas empresas, facilmente aplicável e que auxilia o desenvolvimento nos mercados locais.
Ao longo das Conferências anteriores, bem como durante o Painel do qual participei desta Conferência de 2016, foram mencionadas muitas iniciativas de apoio e promoção do Programa Global Markets em todo o mundo. No quadro abaixo, são mostrados vários exemplos de empresas, de grupo de empresas, de iniciativas público-privadas, que se organizaram para apoiar a implementação do Programa, onde destacamos a iniciativa do das empresas Cargill, Mondelez, General Mills-Yoki, Kellog’s, Coca Cola e Marz, que desenvolverem e promoveram treinamentos para gestores em Global Markets, e que compartilharam este material com o  grupo Global Markets Brasil APAS, do qual falarei em próximo post.

Fonte: Global Food Safety Conference, 2016

Ferramentas
A lista de requisitos já mencionada na Parte 1 (post anterior) e um guia de orientação, baseados principalmente nos Princípios Gerais de Higiene do Codex Alimentarius compõem as ferramentas disponíveis. 
Nota: o Grupo Global Markets Brasil APAS vai providenciar sua tradução neste semestre.
Resultado de pesquisa do Banco Mundial
O Grupo de Avaliação Independente do Banco Mundial encomendou uma pesquisa em profundidade, realizada em 16 empresas de alimentos participantes do Programa da empresa Metro na Ucrânia, dempresas estas de pequeno a médio porte. O resultado foi muito animador: 83% das empresas respondentes afirmaram ter aumentado suas práticas de segurança de alimentos, tiveram aumento das vendas, da rentabilidade e afirmam ter com isso atraído mais investimentos.
E afinal, o que foi apresentado durante a Conferência sobre o Programa Global Markets Brasil?
Espero que você esteja curioso/a. Aguarde próximos posts, onde você vai ficar sabendo tudinho a respeito.
Agradecimentos
A 3M pelo vídeo The Global Markets Journey.
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

Se você aceitou o desafio proposto na Parte 1 deste assunto, no post anterior, as vantagens que você identificou batem com as aqui relacionadas?
Se você não leu o post anterior, que você acha das vantagens oferecidas pelo Programa Global Markets aqui enumeradas?
Se você não comentou, comente. Estamos na era da colaboração, e sua opinião é preciosa.
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Global Markets Brasil – Parte 1

Pela primeira vez uma apresentação formal do Brasil na GFSC

Hoje começo a comentar sobre a apresentação, que com muita honra fiz, como parte do Painel sobre o Programa Global Markets da GFSI, Programa este abraçado no Brasil pela APAS – Associação Paulista de Supermercados, numa iniciativa do seu Comitê de Segurança de Alimentos, a quem muito agradeço a colaboração.

Este painel foi coordenado pela Cindy Jiang, Diretora Senior de Segurança de Alimentos , do Corporativo do Mc Donald’s, Estados Unidos.

Fonte: Programa da Global Food safety Conference, 2016


O Global Markets Brasil foi o primeiro trabalho brasileiro aprovado para apresentação formal nas conferências globais da GFSI (Global Food Safety Initiative), tendo sido inscrito por Ellen Lopes (Food Design & IRSFD), Márcia Rossi (Walmart Brasil) e Paulo Pompílio (GPA, do grupo Casino). Como Márcia e Paulo não puderam ir, eu fiz a primeira parte da apresentação, e Natalie Dyenson, do Walmart dos Estados Unidos, fez a complementação, representando  a Márcia Rossi.

Antes de mostrar como foi nossa apresentação em mais detalhes, o que ficará para um próximo post, penso que é importante explicar o Programa para quem ainda não o conhece, e como o Global Markets vem se fixando como um pilar fundamental para o desenvolvimento segurança de alimentos nas cadeias de suprimento globais.

O que é o Global Markets?
O Global Markets é um programa desenvolvido pela GFSI, que visa facilitar empresas de alimentos pequenas ou menos desenvolvidas (PME), a como enfrentarem o desafio da segurança de alimentos, de forma que possam ampliar seu acesso a mercados nacionais ou internacionais. Ao enfrentar este desafio, simultaneamente serão reduzidos os riscos nas cadeias de fornecimento global de alimentos.

Princípio fundamental
Este Programa parte do princípio que segurança de alimentos não é vantagem competitiva, e sim uma responsabilidade compartilhada por todos os stakeholders da cadeia.

Estratégia
A estratégia adotada pela GFSI foi estabelecer requisitos mínimos para estas empresas implementarem sistemas de segurança de alimentos, de forma paulatina, passo a passo, visando sua melhoria contínua, até estarem aptas a atingir o estágio de certificação acreditada, por uma das normas ou sistemas reconhecidos pela GFSI. O ponto de entrada fica a critério da empresa entrante, podendo ser no nível Básico, ou no Intermediário. Assim que julgar ter atingido os requisitos do nível escolhido, a empresa pode pedir a realização de uma auditoria não certificada para um prestador de serviço credenciado para este fim, ou para as certificadoras.

A figura abaixo ilustra como funciona esta implementação escalonada, sendo o tempo indicado em cada passo, apenas uma estimativa de tempo médio.

Fonte: Adaptação das informações do site do GFSI.

Escopo
O Programa Global Markets foi desenvolvido até o momento para estes dois escopos:
I)  Indústria: processamento de produtos primários ou fabricação de alimentos processados
II) Produção primária: agricultura de plantas, grãos e leguminosas.
O Global Markets Brasil, abraçado pela APAS, cobre por ora o escopo Indústria.
Versão em português
Estes requisitos estão na segunda versão, e estão disponíveis no site da GFSI, em inglês e japonês. O Global Markets Brasil está construindo um site, onde a tradução em português, gentilmente cedida pela IFS, estará disponível para os interessados, mediante  cadastramento. Quem tiver interesse em ser avisado sobre o lançamento do site, por favor escreva para ellen.lopes@irsfd.org.br
As normas/esquemas reconhecidos pela GFSI
No caso da indústria, no Brasil, a maior demanda se concentra atualmente nas normas IFS, FSSC 22000.  Se você quiser conhecer todos as normas ou esquemas reconhecidos, acesse o site da GFSI.
Quais as vantagens? Como tem sido a aceitação?
Aguarde a Parte 2.
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.
O que você acha do Programa Global Markets? Sua empresa já conhecia? Que vantagens você acha que o Programa traz para as empresas e para o Brazil?

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Segurança dos alimentos de orgânicos é melhor? Mito ou verdade? Parte 2 – Contaminação química

Dr. Friedrich-Karl Lücke abordou também a questão da contaminação química de orgânicos X “convencionais”.
Agrotóxicos
Dr. Friedrichabordou alguns outros contaminantes, mas deu, e eu também darei aqui maior foco aos agrotóxicos, que é onde pairam mais dúvidas, pelo menos para mim.
Como é de se esperar, muitas são as evidências de que os alimentos orgânicos contêm muito menos contaminantes agrotóxicos do que alimentos convencionais, conforme pode-se observar nos slides.

No primeiro slide é mostrada que a redução de resíduos acima do LoD, limite de detecção, obtida no sistema de agricultura orgânica foi de até 94% (dados compilados por Smith-Spangler e pelo USDA – United States Department of Agriculture).


Palestra Dr. Friedrich-Karl Lücke Friedrich.
Fonte: site da Conferência.

No segundo slide, podemos ver dados coletados pelo Laboratório Oficial de Inspeção do Estado de Baden-Würtemberg, da Alemanha, onde se nota que nos caso de vegetais orgânicos, os resíduos abaixo do limite de detecção (LoD) é de 65% , contra somente 8% no caso de produção “convencional”.

A área em vermelho mostra o porcentual de produtos com resíduos acima da tolerância legal.
Palestra Dr. Friedrich-Karl Lücke Friedrich.
Fonte: site da Conferência.

“Esta menor incidência de agrotóxicos nos alimentos orgânicos de fato significa uma melhor saúde dos consumidores?”
Este era um ponto que há algum tempo eu gostaria de discutir com algum renomado expert, pois até onde tenho pesquisado, não há evidência consistente e confiável da correlação positiva entre uso de menor quantidade de agrotóxicos versus  melhoria da saúde de humanos, e então fiz esta pergunta ao Dr. Friedrich. Sua resposta foi não há evidência de que esta menor incidência de agrotóxicos nos alimentos tenha impacto na saúde e ou em aumento da longevidade dos consumidores. Apenas do ponto de vista teórico, acredita-se melhor ter menos contaminantes do que mais contaminantes em um alimento”.
Lembrou ele ainda que “contaminação zero”, desejada por muitos consumidores não é viável, pois em geral existe algum grau de contaminação por agrotóxicos utilizados em campos vizinhos. E acrescentou: “é difícil comunicar ao consumidor que “zero” depende da sensibilidade dos métodos analíticos.
Minhas considerações
Há muita controvérsia sobre os benefícios da contaminação baixa por agrotóxicos nos orgânicos. O consumidor leigo julga que isso traz benefícios para sua saúde ou maior longevidade. Mas, mais uma vez, à luz da ciência atual, isso não se sustenta.
Assim, minha conclusão é que os orgânicos continuam sendo mais importantes mais do ponto de vista sócio-econômico, do que efetivamente do ponto de vista da segurança de alimentos. Vale entretanto observar que esta minha conclusão é válida, desde que sejam usados agrotóxicos científica e legalmente liberados para as diferentes culturas, usados na forma e limites quantitativos estabelecidas, além de se respeitar a carência estabelecida antes da colheita.
Razões da aversão ao uso dos agrotóxicos pelos leigos
Várias são as causas que podem causar a aversão ao uso dos agrotóxicos pelos leigos. Uma delas é o conhecimento da elevada incidência no Brasil do mau uso dos agrotóxicos. Parece ser que isso vem melhorando, ainda que em ritmo lento. Dentre os esforços que estão sendo feitos, mostro aqui dados e 2011 e 2012 do PARA – Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, realizado pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para que você possa comparar a evolução.

Fonte: RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE 2011 E 2012, ANVISA

Em 2011, foram encontradas 36% de amostras insatisfatórias, ou seja, resultados com quantidade de agrotóxico acima do LMR legal (Limite Máximo de Resíduo), ou uso agrotóxico não permitido legalmente, dentre os diversos produtos analisados.

Em 2012, houve uma pequena redução da porcentagem de amostras insatisfatórias: foram encontradas 29% de amostras insatisfatórias, ou seja, com quantidade de agrotóxico acima do LMR legal (Limite Máximo de Resíduo), ou uso agrotóxico não permitido legalmente, dentre os diversos produtos analisados.
Penso que também eu deva mencionar outro fator que pode leva/ levou a muitos dosa resultados insatisfatórios: a falta, durante décadas, de regulamentação de agrotóxicos para “minor crops”, ou seja, culturas de menor significado econômico. Mas felizmente o cenário está mudando: houve um significativo avanço nesta regulamentação, com a publicação da Normativa Conjunta INC 01/ 2014. Esta Normativa resultou de um grande trabalho feito conjuntamente pelo Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Anvisa e o Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, cobrindo cerca de 80 “minor crops”, possibilitando aos produtores terem um balizamento técnico legal sobre o que usar e como usar.
Entretanto lembramos que ainda há várias outras culturas para as quais há carência de orientação legal. A previsão era de que outras 47 culturas seriam incluídas nos próximos meses, a partir da publicação da INC 01/2014, mas os produtores e a sociedade continuam no aguardo.
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

Mais uma vez perguntamos ao leitor: segurança dos alimentos de orgânicos é melhor que dos “convencionais”? Mito ou verdade? Comente suas conclusões sobre contaminação química.

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Segurança dos alimentos de orgânicos é melhor? Mito ou verdade? Parte 1 – Contaminação microbiológica


Dr. Friedrich-Karl Lücke, Professor de Microbiologia dos Alimentos e de Gestão de Segurança e Qualidade de Alimentos da Universidade de Ciências Aplicadas de Fulda, Alemanha, mostrou dados de revisão da literatura científica sobre a presença de perigos em alimentos orgânicos em comparação com os alimentos convencionalmente produzidos, que de ora em diante denominaremos de “convencionais”.


Dr. Friedrich-Karl Lücke

Fonte da foto: http://www.ikv.uu.se/Education/Internationalization/    

Dr. Friedrich é também membro de várias comissões e grupos de trabalho sobre higiene alimentar e padrões microbiológicos.
Contaminação microbiológica
Segundo revisão do Dr. Friedrich, na prática  não há grandes diferenças significativas na prevalência de contaminação por bactérias patogênicas (tais como Salmonella, Campylobacter) ou agentes zoonóticos em alimentos de origem animal nos orgânicos X “convencionais”, conforme slide abaixo, embora na produção orgânica fosse teoricamente esperado que essa contaminação pudesse ser maior, já que os animais ficam mais expostos, posto que são mantidos mais ao ar livre.

Palestra Dr. Friedrich-Karl Lücke Friedrich.

Fonte: site da Conferência.



As pesquisas também indicam que o uso de fertilizantes orgânicos não aumenta a taxa de contaminação de produtos frescos por patógenos entéricos, desde que estes fertilizantes orgânicos sejam obtidos através de BPAs – Boas Práticas Agrícolas (em inglês: GAP  – Good Agricultural Practices). De acordo com as BPAs, os resíduos orgânicos devem ser decompostos por fermentação anaeróbica durante processo de  compostagem para obter  o húmus, para não haver problemas com patógenos.
Embora tenha havido surtos de infecção por E. coli STEC (produtoras de toxina Shiga) em vegetais orgânicos, as causas estão relacionadas a flagrantes violações às as BPAs, concluindo-se portanto que não é o não o sistema de agricultura (Marine et al. 2015), e sim falhas de BPAs as causas de tais surtos.
Aqui vai uma relação de algumas lições aprendidas a partir de estudos de surtos de E.coli STEC em vegetais orgânicos:
  • nunca usar água contaminada por fezes humanas ou animais para irrigação
  • respeitar prazo adequado para aplicação de estrume antes da colheita -prazo deve ser suficiente para inativação dos patógenos
  • cuidar da higiene dos manipuladores para não haver contaminação
  • evitar a presença de animais selvagens na plantação.

Menor uso de fungicidas resultaria em presença de mais micotoxinas?
Não. Toxinas produzidas por Fusarium (fumonisinas e os tricotecenos são as mais comuns) são frequentemente encontradas em baixas concentrações em cereais. Restrições o uso de fungicidas e inseticidas nos cultivos orgânicos não levam a uma maior prevalência destas toxinas em produtos derivados de cereais orgânicos, como se poderia pensar. Isto se explica porque na agricultura orgânica, os fungos e os insetos são controlados pela rotação de culturas, ou porque a restrição ao uso  de fertilizantes nitrogenados reforça os mecanismos de defesa contra ataque de fungos.

Aguarde a Parte 2, sobre Contaminação química.

Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

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Agora é com você: afinal, segurança dos alimentos de orgânicos é melhor que dos “convencionais”? Mito ou verdade? Comente suas conclusões. 
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Programação surpreendeu – Destaques continuação – parte 2

Um tema bastante atual e pertinente foi tratado no painel “Big Data”. Este tema, talvez não muito familiar e compreendido por nós técnicos, foi abordado com muita propriedade por especialistas como Jeffrey Welser da IBM Research e John Besser do CDC, ambos dos Estados Unidos, que mostraram como “Big Data” pode revolucionar a gestão da segurança de alimentos, através do uso de vigilância genômica, que já é realidade e já está transformando nossa capacidade de detectar e resolver problemas de segurança de alimentos.
Representantes das entidades regulatórias tais como Mike Taylor do FDA e Michael Scannel da European Commission DG SANTE (Comissão da União Europeia para Saúde e Segurança de Alimentos) também surpreenderam:  durante  as primeiras GFSCs, a presença das autoridades públicas era rara, mas agora, participaram ativa e colaborativamente em vários painéis de debate, com uma mensagem clara: certificações reconhecidas pela GFSI podem, ou poderão em breve, ser consideradas em suas avaliações de risco.
Além destes destaques, pudemos ouvir de vários palestrantes sobre sua experiência pessoal quando estiveram no
olho do furacão de grandes crises de segurança de alimentos.
Fato importante a ser mencionado, é ausência de autoridades brasileiras, da área regulatória ou pertencentes a organismo de acreditação, nem como palestrante, pode ser verificado no Programa Oficial clicando aqui, nem como participante inscrito, como constatou quem participou e recebeu a listagem dos inscritos. Nota de louvor há que se fazer para as Forças Armadas, que enviaram a Tenente Coronel Fernanda Peixoto, que sabemos ser extremamente atuante em segurança de alimentos.

Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

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Programação surpreendeu – Destaques parte 1


O programa de 2016 começou com a apresentação padrão de “Introdução ao GFSI 2016”, e foi evoluindo num crescendo até  chegar em assuntos super interessantes,  e por vezes desafiadores, ou até extraordinários:  segurança de insetos como fonte de proteínas, crises de segurança de alimentos sob a ótica dos veículos de comunicação, Big Data a serviço da segurança de alimentos, o desafio de agregar a segurança de alimentos como valor cultural, e ao final,  uma surpreendente palestra sobre mega tendências, abordadas de maneira espetacular pelo brilhante futurologista Adjiedj Bakas (http://www.bakas.nl/).

Para dinamizar, e por vezes até polemizar as apresentações, neste ano foi convidado  no papel de moderador, o renomado jornalista Adam Shaw da BBC  (https://twitter.com/ad8amshawbiz).
Fotos várias, onde se vê o entrevistador Adam Shaw – Fonte: site da Conferência

Oradores de altíssimo nível se alternaram no palco, representando os diferentes stakeholders que influenciam a segurança da cadeia de alimentos, tais como Thomas Heilmann, Senador de Berlim para a Justiça e Defesa do Consumidor; o Prof. Dr. Dr. Andreas Hensel, do BfR  (Instituto Federal de Avaliação de Risco da Alemanha); experts de organizações internacionais produtoras de alimentos ou bebidas como The Coca Cola Company, Nestlé, Danone e Cargill; experts da cadeia de food service como Cindy Jiang do McDonald’s; representantes dos esquemas/ normas de certificação como IFS, BRC e FSSC 22000; representantes dos organismos de acreditação de vários países e ainda e vários cientistas como Chris Elliott, Professor Diretor Executivo da Faculdade de Medicina, Saúde e Ciências da Vida de Belfast, Irlanda;  e Emmett Dedmon, Professor de Administração Pública da Universidade Northwestern de Illinois, Estados Unidos.
Continua no próximo post – parte 2.
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

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Fatos e números sobre a Global Food Safety Conference

A Global Food Safety Conference, que acompanho desde 2009, é o mais importante evento de Segurança de Alimentos do mundo. Ocorre anualmente desde 2001, e a cada ano tem um tema e um local de realização diferentes. Neste ano foi em Berlim, no Hotel Intercontinental, de 29 de fevereiro a 03 de março. 
O tema deste ano,  Alcançando a visão global da Segurança de Alimentos”, trouxe à tona questões sobre como trazer a segurança de alimentos para todos, seu contexto atual, as mudanças que estão acontecendo, as preocupações dos consumidores, e como elas podem ser correspondidas. O evento tratou também  da segurança de alimentos emergentes, com ênfase aos insetos comestíveis e  aos orgânicos.

Reduzir os riscos de segurança de alimentos, gerir custos na cadeia de fornecimento e ao mesmo tempo desenvolver esforços de capacitação, facilitando o intercâmbio de conhecimento e o networking, é tarefa que vem se tornado cada vez mais complexa, afirmou Mike Robach, Presidente recém-nomeado para o Board do GFSI e Vice-Presidente Corporativo de Segurança de Alimentos da Cargill, Estados Unidos.
Mike Robach, Presidente recém-nomeado para o Board do GFSI e
 Vice-Presidente Corporativo de Segurança de Alimentos da Cargill.
Fonte: site da conferência.
Em termos de números, esta Conferência reuniu 950 dos maiores especialistas de segurança de alimentos de 63 diferentes países.
Após seu término, de 03 de março a 04 de março, ocorreram as reuniões dos Grupos Técnicos de Trabalho, tendo eu participado do novo grupo, de Cultura de Segurança de Alimentos como membro efetivo, e Rose Mary, nossa especialista em psicologia social, como observadora.
As palestras e debates envolveram representantes de todos os stakeholders da cadeia de alimentos:  varejo, indústria, food service, entidades de certificação e de acreditação, entidades regulatórias governamentais,  universidades e prestadores de serviços.
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.

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Global Food Safety Conference 2016, Berlim

É com satisfação redobrada que estou reativando o blog DIRETO DO GFSI, para relatar para os colegas os highlightsda 15ª Conferência Anual Global de Segurança de Alimentos (em inglês: GFSC – Global Food Safety Conference), organizada pela GFSI – Global Food Safety Initiative.

                        Visão geral. Fonte: site da conferência.